sexta-feira, 17 de abril de 2015
Lendas e mais lendas!!!
"OPARÁ"
Opará, também chamada de Apará, assim como todas as Iyagbás, também é uma divindade das águas, é confundida como uma qualidade de Oxum devido a similaridade dos cultos, mas na realidade se trata de uma divindade a parte. Opará nasce da união de Xangô com Obá, é uma divindade muito perigosa.
A maternidade que é umas das marcas de Oxum não existe em Opará.Era Oxum quem se encarregava de cuidar da prole do Deus das Tempestades, enquanto ele guerreava. o caso de Opará ocorreu o mesmo, ela foi criada por Oxum, já que Obá, assim como Oyá Iansã, acompanhava Xangô em suas contendas. Opará herda o temperamento e a agressividade natural de Obá e a malícia e a vaidade de Oxum. Tornando-se assim a mais quente e agressiva de todas as Iyagbás superando até mesmo a própria mãe, Opará é a divindade feminina equivalente a Exú. É uma Deusa da Guerra, indomável, uma poderosa amazona que une força e vaidade, rege os ventos da noite, a umidade do ar e as águas puras que se intercalam entre abundância e escassez absoluta, seu fundamento maior é quando o Raio(Xangô) toca as Águas(Obá). Opará é impiedosa, arrogante e de carácter punitivo, mas apesar das desavenças entre Oxum e Obá, é muito próxima de Obá bem como de Oxum, de quem recebeu o Espelho de Ikú( uma espécie de espelho encantado que traz a morte para que o olhar). Asim como os pais Opará possui forte ligação com a morte e, assim como Oxum, possui ligação com as Eleyés.
Obá e Opará – Mãe e Filha
Opará – Xangô e oba
A união de Xangô e Obá
Transcorre um culto nos arredores da cidade, é eleko. Uma sociedade restrita, onde apenas mulheres realizam o culto. Que possue como matriarca a temida Obá, a fundadora desta sociedade que cultua a ancestralidade feminina individual.
Nem um homem poderia sequer assistir o ritual do segredo, sendo punido por Obá com sua própria vida.
Certo dia, em uma das noites de culto, Xangô caminhava alegremente e dançava ao som do batá. Quando percebe, ao longe um aglomerado de mulheres, realizando uma cerimônia sob as ordens da enérgica Obá.
Xangô era muito curioso e não se conteve aproximando-se da cena, ficando a espreita.
Xangô encantou-se com a rara beleza de Obá, que apesar de não ser tão jovem era a mais bela mulher que ele já vira. No momento de distração, Xangô foi percebido e cercado pelas mulheres, foi levado a presença da grande deusa, que lhe falou o preço que haveria de pagar por sua audácia em violar o culto sagrado de Elekó. Mas a própria Obá que encantou-se com a inigualável beleza de Xangõ apaixonando-se de imediato, relutou em aplicar a sentença de morte e usou de sua supremacia no culto para ditar nova regras, dando nova chance a Xangô:
“Todo homem, que violar o culto, se for do agrado, da senhora do culto, deverá unir-se a ela como marido ou aceitar a pena de morte”
Xangô não pensou duas vezes, seria poupado da sentença e ainda sim possuiria a grande deusa por quem havia se apaixonado. A cerimônia de união de Xangô e Obá foi realizada dentro dos limites de Elekó. Foi o inicio de uma grande paixão, nunca se viu tanto amor.
A deusa guerreira e justiceira que pune os homens que maltratam as mulheres, descobriu um sentimento novo por um homem além do ódio. Descobriu todo o amor que um homem pode dar. A grande rainha de Elekó, a rainha de Xangô aprendeu a amar e ser amada.
Nasce, dessa grande paixão, uma criança, uma menina, nasce Opará, nasce a mais bela, justiceira e feroz guerreira. Herdou o melhor do pai e da mãe e prosseguiu com o culto, ( Agradecimentos a oloje iku ike obarainan ).
Ogum Warin e Opará
Após Ogun Warin invadir as terras de Oxum, os festejos que se deram por diversos dias, Ogum tentava por toda forma agradar Oxum, afinal Ifá o orientou que o povo iria ser dominado a força, mas a joia rara que o esperava, teria que ser conquistada.
Ogum então tentou de um tudo, primeiro mandou que todos caçadores trouxessem as aves mais raras que existiam na velha África, pois segundo a anciã da tribo, Opará,que vivia nas terras de Oxum, amava ouvir o canto dos pássaros. Opará ouviu, agradeceu, mas mesmo assim, não mostrou nenhum entusiasmo. Após isso mandou que servissem quitutes a ela, feitos de animais fêmeas, e ela assim comeu e nada de demonstrar amor por Ogum. Foi então que ele decidiu procurar Ifá, que lhe disse o seguinte:
– Quer que alguém lhe ame? Então pare de oferecer presentes, ofereça sentimento. Opará vai te amar, quando você compartilhar aquilo que lhe faz ser o melhor.
Ogum voltou para tribo muito pensativo, não tinha entendido direito o que Ifá havia lhe dito, mas refletiu: Primeiro ele ofereceu a Opará o canto dos pássaros, que para ele era apenas barulho, depois ofereceu animais fêmeas, que ele também não comia, pois achava a carne sem gosto. Finalmente Ogum chegou a conclusão que tinha que oferecer a Opará o que ele mais amava, uma espada, mas não poderia ser de ferro, tinha que ser algo que agradasse Opará, mandou então buscar um tal metal dourado que se escondia abaixo da terra, que Oxum tanto gostava, que era o Ouro, mas todos guerreiros fracassaram em buscar, então ele mesmo foi e pegou com as próprias mãos. Mandou que o melhor ferreiro de sua tribo fizesse uma espada com ele, mas novamente não fizeram no gosto de Ogum, e ele teve que colocar a mão na massa, e forjar a mais linda ferramenta de guerra já vista pelo homem.
Enquanto isso, Opará observava a preocupação do marido, e aquela imagem de homem grosso e insensível, que havia tomado sua tribo, foi acabando e ela viu que ele era bom e dedicado, mas esperta se manteve em silêncio. Após todo o esforço, ele decidiu comemorar com um grande banquete, para oferecer a ela o presente, mas não podia ser qualquer banquete, tinha que ser do jeito que ele gostava, então chamou todos caçadores das redondezas, e pediu ajuda, contudo, todos pareciam deslumbrados, e Ogum viu que nenhum poderia entender o seu gosto. Chamou então Oxum Okê, famosa por caçar animais de carne boa, então em dois dias Oxum Okê trouxe uma bela caça, mas advertiu Ogum que deveria castrá-lo, pois aquela dita parte masculina não agradaria Opará, que ,mesmo sendo forte, ela era uma iyába. No dia da festa, Ogum deu a tão famosa espada a Opará, que ficou maravilhada, e ofereceu a ela o banquete, que para sua surpresa, estava cheio de sabor.
Assim Ogum Warin, entendeu que para agradar Opará, não bastava ela oferecer coisas sem valor emocional, pois o que valia para Opará era o cuidado e atenção, e acima de tudo, compartilhar do mundo dele. Desde então Ogum Warin e Oxum Opará caminham juntos, guerreando e tomando conta dos bons caminhos.
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